segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Exercitando o autocontrole!




O preâmbulo desta série de postagens poderá ser visto clicando aqui.


Em uma quadra esportiva localizada no bairro Santo Antonio acontece evento carnavalesco, e claro lá estou eu. Não é necessário enfatizar que é o programa que mais me atrai e realiza.
O samba, batucadas, gente disposta dançando, e a sensação dúbia de estar em um lugar no qual você conhece pouquíssimas pessoas é algo que realmente me excita. A vontade de confirmar a felicidade é presente, constante e inevitável. Ao som de uma bateria de escola de samba os quadris são possuídos por uma vontade (ancestral africana), própria e latejante. Respiro fundo, olho ao redor e decido não sucumbir ao chamado. Vou manter a postura e não me jogar no samba. O som invade a cabeça, embriaga, o corpo se movimenta involuntariamente, pés se afastam do chão, leves ondulações se formam dos ombros aos quadris – resisto!
Não, não posso, hoje não vou suar ao som de nenhuma bateria. Retomo o comando das coisas e fico naquele passinho, um pra lá um pra cá, nada comprometedor.
Eis que a cerveja gelada dá ânimo ao meu amigo, que só para contrariar as estatísticas começa a dançar, sorrir de alegria, totalmente contagiado pelo som dos tamborins, ritmo forte dos surdões e delicadeza dos agogôs.
E ele se jogou, sambou, suou e se divertiu mesmo – e todo excesso comparado é pouco.
Já me sentia vitorioso, mas a tentação não era apenas sonora e o exercício de autocontrole continuou nas veredas masculinas.
O que era aquele menino, de seus vinte e pouquíssimos anos? Lindo, uma delícia – olhos fechadinhos, baixinho, arrumadinho e dançava como deve dançar um homem (desajeitado, devagar e sempre com uma cara de satisfação). Controlei meus instintos, e resisti à vontade de suspirar em seu ouvido que ele era a coisa mais deliciosa da noite; e claro agarrá-lo e dançar junto. Vencida mais uma etapa, não a última. 
Na contramão do “quase-perfeito” ainda suportei as provocações de certo homem, daqueles que fazem o estilo largado, soltinho, simpático – quando o vi veio à mente a frase: “Pego, não me apego”. Ele ia e vinha, esbarrava, olhava, dançava e se fazia notar – a qualquer custo. 
E ele não precisa fazer muito para ser visto, afinal é alto, negro, cheio de amigos e dança como que guiado por um demônio. Racionalmente agi e deixei para trás a oportunidade de colocar o pé na senzala e quem sabe adotar mais este segmento ao meu cardápio; autocontrole. 
E como tudo tem limites, sucumbi à necessidade primordial de me alimentar. Em casa comi lentamente e, entre uma garfada e outra, questionei se foi bom ou não vencer aos variados desejos do corpo. 


ps: a gente vive e pensa que já viveu de tudo. que nada. deixa quieto pois já voltei ...

Bratz Elian
enfim! é o que tem pra hoje ...

12 comentários:

  1. Amei ler aqui meu amigo sempre querido, pois é, viver é isso, mas como somos controlados né mesmo? Sabe, eu costumo brincar aqui em casa com conversas descontraídas, que é melhor ir para o inferno, pois por lá é que há alegria!
    Sim, pois tudo o que é bom, lindo, alegre, em conceitos religiosos é pecado e nos leva ao inferno,rsrs!
    Então veio visitar a minha linda e tentadora cidade? Amo e sempre amarei Sampa, mesmo que tenha de sair daqui para uma cidade litorânea (minha família está cogitando isso), minha Cidade natal nunca será esquecida, sou urbana, amo cidades grandes!
    Abraços bem apertados!

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    1. Cada vez encanto-me mais com sua sabedoria, sua lucidez, sua sensibilidade, sua auto-estima, sua alegria de viver minha querida amiga Ivone.
      Sempre bom ler seus comentários que transbordam todas estas boas qualidades.
      Obrigado pelo carinho de sempre.
      Tb sou eminentemente urbano, assim como você mas, daqui, torço pelo sucesso desta nova perspectiva em sua vida. Você tem sua vida e família e vários fatores contam neste processo. Eu, que não tenho nada disto a me prender, nunca me arrisquei e penso q nunca arriscarei viver, por exemplo em SP.
      Tudo isto faz parte de nossas vidas e de nossos desafios.

      Beijos e nos vemos no "inferno" kkkkkk

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    2. kkk, adorei ler sua resposta ao meu comentário, pois é, espero te ver "lá" meu amigo, pois é mesmo um lugar de alegrias,amo alegrias e se alegrias nos liberta estamos livres para ir tanto no inferno quanto no céu!!!
      Abraços bem apertados!

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    3. Se tem uma coisa q me excita na morte é a possibilidade de vivenciar um delicioso "inferno" de maneira inteiramente livre ... rs

      Obrigado querida ... Beijão

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  2. Eu só acho que quando 1+1=2, tudo é permitido.

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    1. Ah! Ana que equação fantástica. Isto diz tudo.

      Beijo grande querida amiga.

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  3. Olá,querido Bratz...bom retorno,depois de Sampa...eu ainda estou no mode pause olímpico...
    (Giuliano Nascimento)
    parar e pensar, ser racional , ter uma escolha sábia , ter o autocontrole, principalmente relacionados aos prazeres dos sentidos, da "carne", em especial nos tempos em que vivemos, da satisfação e da gratificação momentânea , não é muito fácil, então ou a pessoa tem e prova a si mesmo que tem ou ficará se enganando a si mesmo...de qualquer forma,o importante é que todos desejamos ser felizes, mesmo que seja momentâneo...
    Belos dias, t+,abraços!

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    1. A felicidade é primordial querido Felisberto. Seja momentânea, seja permanente. Pelo menos penso assim. Claro que com responsabilidades.

      Beijão

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  4. Paulo nunca vivemos tudo, e há sempre algo mais para vivermos. Todos nós temos uma odisseia à nossa frente. Abraço e bom regresso.

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    1. Por isto, por ter esta visão, de há muito ando me permitindo vivenciar tudo o que a vida nos oferece de oportunidades. Claro que dentro dos limites do bom senso e da criticidade.

      Beijão

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  5. Um belo retorno, Paulo! Adorei o relato!
    Um abraço :3

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então! obrigado pela visita e apareça mais, sempre teremos emoções para partilhar.

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