segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Verso Puro



Genial poetisa lusitana, marcada por uma vida trágica, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais pura beleza, carregada de erotização e feminilidade.

Em dois de dezembro de 1930, Florbela encerra seu Diário do Último Ano com a seguinte frase: “… e não haver gestos novos nem palavras novas.” Às duas horas do dia 8 de dezembro – no dia do seu aniversário Florbela D’Alma da Conceição Espanca suicida-se em Matosinhos, ingerindo dois frascos de Veronal.

"Quem me dera encontrar o verso puro, O verso altivo e forte, estranho e duro, Que dissesse a chorar isto que sinto!"

Li, não sei onde

Li um dia não sei onde
Que em todos os namorados
Uns amam muito, e os outros
Contentam-se em ser amados

Fico a cismar pensativa
Neste mistério encantado...
Digo pra mim... de nós dois
Quem ama e quem é amado?


Florbela Espanca . poema original sem título . publicado em 1916

Os teus olhos

O céu azul, não era
Dessa cor, antigamente;
Era branco como um lírio,
Ou como uma estrela cadente

Um dia, fez Deus uns olhos
Tão azuis como estes teus,
Que olharam admirados
A taça branca dos céus.

Quando sentiu este olhar:
Que doçura, que primor!
Disse o céu, e ciumento,
Tornou-se da mesma cor!


Florbela Espanca . publicado em 1916

Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

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