sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Morte

Olhas-me a cada esquina. Escondes-te na sombra de cada viela. Caminhas, atrás de mim, como se fosses a minha própria sombra. Olho-te, vejo-te a cara vazia e o olhar fulminante. Neste tênue equilíbrio, entre a perpendicular e a queda, entre a salvação e a desgraça, entre a vida e a morte.Em cada encruzilhada convidas-me a tomar o teu partido, abandonando o corpo, deixando a vida, para seguir, de mãos dadas contigo, na escuridão da noite. Do outro lado da rua, a luz chama o eu nome, diz-me que é por ali o caminho, é por ali a vida.Hesito, fico no meio do caminho, olho a morte, olho a vida, questiono-me qual delas deve levar-me, qual delas mereço. Mas há amarras, fortes correntes que ainda me prendem à luz do dia, laços que não devo cortar, gente, que espera por mim no passeio. Olho-te, mais uma vez, e sigo a luz, mantendo o corpo erecto, evitando mais uma vez a queda.Sabes que um dia serei teu, és paciente, persistente, afinal a vitória será tua, inevitavelmente, um dia, quando se quebrem as correntes, sabes que escolherei ir contigo, e levar-me-ás.Deixo-te, em cada esquina, em cada encruzilhada da vida, porta entreaberta para a próxima dimensão.


Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

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